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O pesponto da bainha, tradicionalmente um recurso que arremata a costura pelo lado avesso, no trabalho de Leandro e de seus parceiros de barracão ganha destaque na constituição das fantasias e se configura, mais uma vez, como pintura e desenho. Em outras concepções de fantasia, o pesponto é usado para evitar que o tecido desfie ou para unir diferentes partes do mesmo figurino. No caso de Leandro, esta costura é assumida como informação relevante, como uma das linhas que constituem o figurino. Com muita frequência, o pesponto de uma tonalidade viva ou contrastante cria uma linha de cor (e, portanto, de desenho), que marca o fim daquela forma. Levando-se em conta que as fantasias são percebidas em movimento, a linha colabora para uma espécie de demarcação da área desses franzidos e babados, desenha o espaço e faz com que o espectador apreenda as imagens efêmeras que desfilam à sua frente. Na imagem, outro repertório comum nas práticas do artista e seus parceiros: o chamado “rolinho”, em que os babados são frisados e sobrepostos em camadas.

Daniela Name

Curadora e crítica de arte. Coordenadora da plataforma curatorial Caju, que mantém a revista de mesmo nome.