Skip to main content

Em 2022, eu apresentei o enredo Mangangá para o Império Serrano, e ele se debruçava sobre aspectos místicos da figura super importante na cultura popular que é o capoeirista Besouro, batizado Manuel Henrique Pereira. A partir desse olhar místico, em torno de um homem que supostamente lutava com o auxílio dos orixás, eu me debrucei sobre a criação de uma estética africanizada que, em função da condição financeira do Império Serrano, obrigatoriamente deveria lidar com a escassez. Ela deveria ser driblada para que se conseguisse produzir visualidade com qualidade. Um dos aspectos mais importantes da visualidade desse desfile é a questão da padronagem de estampas que se multiplicam a ponto de vestir não só os componentes, mas também as alegorias da escola quase que de uma forma uniforme, única. Essa produção de um visual estampado, quase que do começo ao fim, é uma das marcas de um desfile que eu acredito que seja, em função desse drible à escassez, um dos meus desfiles mais bonitos e também um dos desfiles mais no que diz respeito ao entendimento da produção coletiva. Um trabalho tão econômico só poderia ocorrer com qualidade a partir de um fazer muito aprimorado dessa economia.

Depoimento do artista incluído no trem-galeria da Central do Brasil


Foto no cabeçalho e no trem-galeria:

Lucas Neves

Leandro Vieira

Artista, atua no carnaval desde 2015, quando estreou na escola de samba Caprichosos de Pilares. Com passagens pela Mangueira e pelo Império Serrano, atualmente concebe o desfile da Imperatriz Leopoldinense