Em 2018, o enredo apresentado para a Mangueira foi Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco. O desenvolvimento em termos de figurino guarda um aspecto muito ligado à minha memória afetiva carnavalesca, quase que a construção disso se deu como um registro de memória de blocos de rua, de fantasias que vi na rua. Uma memória fotográfica de antigos desfiles, uma memória visual de coisas que vi na televisão ligadas ao carnaval, mas de uma maneira quase predominantemente a fantasias populares que vi na rua enquanto brincava. É um carnaval, em termos de fantasia, muito ligado à visualidade do precário, do folião que, com materiais pouco convencionais produz beleza – toalhas de banho, toalhas de mesa… Em termos de cor, ele guarda essa memória antiga de algo que passou, enquanto na forma ele traz uma presença muito viva de algo que ainda desfila. E talvez desfile mais na rua e menos na Sapucaí, mas que, ao desfilar na Sapucaí, cria esse contraponto entre o que ainda é fantasia carnavalesca e possibilita performance, mas que, ao ganhar esse contorno desbotado, em tons de verde e rosa quase que diluídos (e aí essa diluição tem uma sombra do tempo, quase como uma fotografia desbotada de algo que passou) vai sendo apresentado ao longo de uma paleta que vai se descortinando de uma maneira pouco alegre, no sentido visual, mas muito livre no sentido de poucas cangalhas, poucos resplendores, o que possibilitou um desfile mais fresco.
Depoimento do artista incluído no trem-galeria da Central do Brasil
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Outras fotos de Mangueira 2018 que integram a instalação Corpo em desfile, apresentada no Paço Imperial e no trem-galeria da Central do Brasil:
Foto do cabeçalho e no trem-galeria
Gabriel Nascimento/Riotur
