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O fio cilíndrico encapado de tecido e chamado tarucel é outro recurso de acabamento que faz parte da história da confecção de fantasias. Na obra de Leandro, no entanto, ele sofre um deslocamento e é reinvestido de novas funções. Aplicado em punhos, golas e pernas das calças como uma forma de marcar com volume as extremidades do corpo do folião, criando uma tridimensionalidade “salta” para o espaço – mais do que isso, é uma massa de cor (e, portanto, de pintura) a tingir o espaço. Isso ocorre tanto nos momentos de contraste quanto naqueles de mimetização com o fundo (caso do dourado envelhecido na imagem). Outra característica importante que vemos nessa fantasia é a forma como o artista usa um efeito de descombinação, harmonizando estampas que aparentemente são muito díspares, caso do zebrado e do pano multicolorido. A ideia de sampler, tão importante na arte contemporânea, e tão vigorosa na pintura brasileira das décadas de 1960 e 1980, encontra ecos nesse modo de o artista trabalhar.

Daniela Name

Curadora e crítica de arte. Coordenadora da plataforma curatorial Caju, que mantém a revista de mesmo nome.